terça-feira, 11 de agosto de 2009

Fogtrein I e Alcântara

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Foguete de pequeno porte é lançado com sucesso do CLA

Bruna Castelo Branco

Alcântara - O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) lançou, às 15h18 de ontem, o Foguete de Treinamento Básico (FTB) de pequeno porte que integra a Operação FogTrein I. Um novo lançamento está previsto para quinta-feira, às 19h45.

Além de testar os equipamentos do CLA para a realização de operações com veículos de grande porte, a operação visa qualificar o protótipo desenvolvido pela empresa brasileira Avibrás com tecnologia 90% nacional. O segundo lançamento, previsto para acontecer na tarde de hoje, foi alterado para testar novas possibilidades do sistema que ainda está em fase de desenvolvimento.

A operação de lançamento ontem foi considerada perfeita. O foguete atingiu um apogeu de 31.800 m de altura, caindo a uma distância de 15.100 km do local de lançamento em apenas 4 (sic) segundos de vôo. Com dimensões pequenas - com apenas 3,5 m, e peso de 67,8 kg – o foguete serviu para testar o protótipo, ainda em fase de desenvolvimento no país, e tem por objetivo dar visibilidade para a indústria brasileira do setor aeroespacial. Além do protótipo de pequeno porte, o FTB possui ainda os modelos nos níveis intermediário e avançado, cujas experiências de lançamento também devem ser realizadas no CLA.

Ainda este ano, devem ser lançados mais um FTB de nível intermediário, um Orion e um VSB-30 - que é um foguete de médio porte. As campanhas de lançamento devem ser realizadas a partir de novembro, quando forem finalizadas algumas intervenções na estrutura do CLA.

Expansão do CLA - A operação FogTrein I está acontecendo em um momento decisivo para o futuro do Programa Espacial Brasileiro em Alcântara, relacionado à proposta de expansão das atividades de lançamentos que envolvem parcerias comerciais. A área prevista para a construção dos sítios hoje é ocupada por comunidades quilombolas, mas, segundo o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que foi divulgado no fim do ano passado, a área em questão é, de fato, pertencente ao território do Centro de Lançamento de Alcântara.

“Hoje o Centro de Lançamento ocupa cerca de 8.713 hectares dos 62 mil que estão previstos no relatório. O programa necessita da área localizada ao Norte do CLA, que hoje é ocupada por algumas comunidades quilombolas. Temos ainda a capacidade de instalar mais três sítios no CLA, sem a necessidade de remanejamentos”, explicou o coronel Nilo Andrade, diretor do Centro de Lançamento de Alcântara.

Lançamentos - O diretor do CLA disse ainda que a possibilidade da criação de sítios de lançamentos em outros locais no Brasil ainda é incerta e o início dos estudos dos locais só deve acontecer após decisão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a atual capacidade do CLA é considerada suficiente para o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro pelos próximos 15 anos.

“A área atual do Centro tem capacidade para o lançamento do VLS 1, cujas obras da plataforma já foram iniciadas. Uma área será destinada para uma segunda plataforma destinada às atividades com um VLS2, e uma terceira área para o Ciclone 4, que será utilizado pela empresa Alcantara Cyclone Space. Por enquanto, a estrutura do CLA consegue sustentar bem as necessidades do Programa Especial Brasileiro”, afirmou.

Segundo o diretor de Transporte Espacial e Licenciamento da Agência Espacial Brasileira, Antônio Hugo Pereira Chaves, até agora todos os esforços relativos a sítios de lançamentos no Brasil estão focados no Centro de Lançamento de Alcântara e no Centro de Lançamento de Barreira do Inferno, em Natal (RN). “Não existem estudos sobre qualquer área fora desses centros para a construção de sítios de lançamentos. Os nossos investimentos, até o momento, estão ligados a esses dois pontos. No CLA temos o projeto da Cyclone, que já está adiantado e esperamos que a empresa prospere. A possibilidade é que ela faça cerca de seis lançamentos ao ano. Nessa primeira etapa, o foguete também passará por uma fase de qualificação”, afirmou Chaves.

Fonte: jornal O Estado do Maranhão, 11/08/2009.

Comentários: o FTB, desenvolvido pela Avibras Aeroespacial, de São José dos Campos (SP), parece substituir os foguetes SBAT 70, também da Avibras, na função de testes de sistemas de centros de lançamento. A reportagem de Bruna Castelo Branco traz ainda outros pontos muito interessantes: tanto a Força Aérea Brasileira (FAB), por meio do diretor do CLA, Cel. Nilo Andrade, como a Agência Espacial Brasileira, na pessoa de seu diretor de Transporte Espacial, Brig. Antônio Chaves, estão adotando discursos de que a construção de um novo centro espacial ainda não foi decidida. E mais, dão elementos que sustentam a tese, defendida aqui no blog, de que um novo centro sequer é necessário pelos próximos quinze anos. A Alcântara Cyclone Space também anunciou no início de julho que não iria sair do CLA, logo após sugirem na mídia os rumores sobre a suposta desativação da base de Alcântara e/ou construção de uma nova em outra região do País (Amapá, Ceará, etc.) Se a AEB, a FAB e a ACS entendem que uma nova base de lançamento não é necessária pelos próximos anos, qual seria a origem de todos os rumores dando conta do contrário?
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Um comentário:

Brazilian Space disse...

Olá Mileski!

Veja o que saiu na coluna "Panorama Político" do jornalista Ilimar Franco do jornal “O Estado do Maranhão” de hoje:

INSATISFEITO com a gestão da Agência Espacial Brasileira, o presidente Lula vai transferi-la do Ministério de Ciência e Tecnologia para a Presidência.

Abs

Duda Falcão