quarta-feira, 4 de julho de 2012

Entrevista com Leonel Perondi, diretor do INPE - Parte I


No último dia 27, o blog Panorama Espacial entrevistou Leonel Fernando Perondi, novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Empossado em 1º de junho, Perondi é graduado em engenharia mecânica pelo ITA (1980), com mestrado pelo INPE e doutorado pela Universidade de Oxford. Entre 2001 e 2005, foi diretor substituto do INPE, tendo atuado também em projetos de engenharia e tecnologia espaciais, como o programa CBERS (gerente-geral entre 2002 e 2005). 

CBERS

O primeiro tópico da entrevista, feita por telefone, foi o que hoje é o principal programa de satélites do Programa Espacial Brasileiro, o CBERS, sigla em inglês de Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, atualmente já na segunda geração.

Perondi apresentou um panorama sobre o programa, destacando questões industriais e orçamentárias. Entre os anos de 2004 e 2006, foram firmados vários contratos industriais relacionados aos CBERS 3 e 4. De acordo com ele, a expectativa é que o CBERS 3 seja lançado em novembro ou dezembro deste ano, a partir da China, enquanto que o CBERS 4 deve ser colocado em órbita em 2014. Em relação às questões orçamentárias, que costumeiramente assolam projetos do programa espacial, o dirigente afirmou que todas as demandas já foram atendidas.

O diretor mencionou a visita à China, que ocorre esta semana, integrando comitiva liderada pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. "Teremos conversas ao longo das próximas semanas sobre a cooperação futura", indicando a possibilidade de extensão da cooperação sino-brasileira, iniciada em 1988.

Perondi lembrou que em 2002, quando o acordo com a China foi ampliado para o desenvolvimento e construção do CBERS 3 e 4, já havia intenção do lado brasileiro de estender novamente a parceria, com contratação direta na indústria dos satélites sucessores. Com a transferência para a indústria, a ideia era que a cooperação sino-brasileira focasse num campo de maior inovação, envolvendo o desenvolvimento de satélites geoestacionários e subsistemas espaciais.

Amazônia-1

Questionado sobre a previsão de lançamento do satélite de observação Amazônia-1, baseado na Plataforma Multimissão (PMM), o dirigente disse que está previsto para 2014, prazo, no entanto, que deve ser revisto junto à Agência Espacial Brasileira (AEB). Perondi destacou que se trata de um novo projeto que representa desafios ao País. "Será o primeiro satélite nacional estabilizado em três eixos, com subsistemas novos, sem recorrência", afirmou.

Segundo o diretor, sendo um projeto que apresenta grandes desafios, todos os subsistemas estão sendo revistos tecnicamente. "A confiabilidade dos sistemas é um ponto crítico".

Perondi também revelou que o INPE considera que o Amazônia-1 será um modelo protótipo para validação de tecnologias em órbita, que se seguiria de um segundo modelo, lançado um ou dois anos após o primeiro, este sim um modelo de missão. "O Amazônia-1 seria um projeto nessa linha, uma missão de validação em órbita". O dirigente ressaltou, no entanto, que este e outros aspectos do projeto, como a seleção do lançador, dependem de discussão e definição com a AEB.

Política industrial

Tema abordado em seu discurso de posse, Perondi destacou o caráter público e estratégico do programa espacial, que também serve como instrumento de política industrial e de domínio de tecnologias críticas. "É um desafio grande [para indústria], desafiada a atuar em novas áreas", disse, dando o indicativo de que buscará em sua gestão estimular o envolvimento da indústria nacional nos projetos do Instituto.

O diretor se referiu aos satélites CBERS 3 e 4 como modelos da política industrial adotada pelo INPE, projeto que envolveu a contratação junto à indústria de aproximadamente 270 milhões de reais em componentes e subsistemas.

Na próxima sexta-feira (06), será postada a a segunda e última parte da entrevista, tratando de temas como ACDH, recursos humanos, Satélite Geoestacionário Brasileiro, dentre outros.
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