quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Cooperação Brasil - Turquia

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Brasil e Turquia criam grupos para estudar desenvolvimento de projetos conjuntos em defesa

Ancara, 22/06/2013 – Brasil e Turquia vão fortalecer a cooperação bilateral em defesa por meio da criação de cinco grupos de trabalho para estudo de parcerias nas áreas naval, aeronáutica, espacial, comando e controle e defesa cibernética. A decisão é resultado da viagem oficial realizada esta semana pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, ao país euroasiático.

Ao longo de três dias, Amorim e comitiva mantiveram contatos com lideranças políticas, militares e com executivos de empresas turcas em Ancara, capital do país. A decisão de criar os grupos de trabalho ocorreu após tratativas entre Amorim e o ministro da Defesa Nacional da Turquia, Ismet Yilmaz.

Os grupos serão constituídos por representantes estatais, civis e militares, e deverão contar também com a participação de integrantes de empresas da área de defesa dos dois países. Nas próximas semanas, deverão ser definidas as datas de reuniões técnicas setoriais, que ocorrerão no Brasil e na Turquia até o final deste ano.

A cooperação na área de defesa com os turcos parte da ideia central de que os dois países - nações com nível de desenvolvimento semelhante, sem conflitos de interesse e com participação crescente no cenário internacional - têm muito a ganhar com o desenvolvimento de projetos comuns, tanto no campo econômico como no campo estratégico. “Nossa relação já alcançou o status de parceria estratégica. A indústria de defesa do meu país tem realizado grandes projetos e estamos prontos a cooperar”, disse Ismet Yilmaz a Amorim em encontro da sede do Ministério da Defesa, em Ancara.

Projetos conjuntos

Na área naval será estudada a possibilidade de troca de informações e eventual desenvolvimento conjunto de projetos de construção de navios escolta: corvetas e fragatas. A Turquia construiu, a partir de projeto próprio, uma corveta com requisitos e características que podem interessar ao Brasil. O Brasil também possui um projeto nativo de corveta, que serviu de base para a construção de um navio da nova classe de corvetas da Marinha, a Barroso. Nesse grupo também deverá haver tratativas sobre projetos e sistemas de detecção e guerra eletrônica.

No grupo aeronáutico, o foco recairá em projetos de aviões, helicópteros e veículos aéreos não-tripulados  (vants). A Turquia desenvolveu projetos de helicópteros militares de ataque e de vants que utilizam aviônica nacional. Também possuem experiência na integração e fabricação de peças e seções de aviões civis e militares. O Brasil, por seu turno, também está desenvolvendo vants e possui uma ampla experiência na fabricação de aviões de civis e militares, por meio da Embraer.

A ideia é discutir as possibilidades de parceria no segmento, a partir do conceito de emprego dual (civil-militar) das aeronaves, incluindo tratativas sobre o projeto turco, em fase inicial de desenvolvimento, de um caça de 5ª geração. Nesse campo, uma das possibilidades a serem estudadas é a montagem de helicópteros turcos no Brasil e de aviões brasileiros na Turquia.

O grupo espacial vai tratar das possibilidades de cooperação em sistemas de lançamento e de satélite (de sensoriamento e comunicações). [Nota: negrito nosso] O de comando e controle terá como objetivo central a área de comunicações militares (com possibilidade de aplicação civil) por meio da tecnologia denominada Rádio Definido por Software (RDS). O Brasil tem interesse no desenvolvimento dessa tecnologia, que trará, entre outros aspectos, ganhos significativos para as comunicações diretas entre as Forças Armadas brasileiras, melhorando seu desempenho, por exemplo, nas operações militares.

O quinto grupo tratará da área de defesa cibernética, com base na experiência acumulada até o momento pelas forças militares das duas nações. O Brasil enviará representante à feira que a Turquia organizará sobre o tema (International Cyber Warfare and Security) no próximo mês de novembro, em Ancara.

Fonte: Ministério da Defesa, com edição do blog Panorama Espacial.

Comentários do blog: no início de julho, o governo da Turquia firmou um acordo com a companhia Roketsan para a realização de trabalhos pré-conceituais de projeto de um lançador de pequeno porte para missões em órbita baixa, a altitudes de 500 a 700 km, denominado Turkish Satellite Launching System (UFS). O projeto turco, no entanto, tem gerado reações de desconforto em alguns vizinhos e membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), receosos de um possível uso da tecnologia do UFS para o desenvolvimento de um míssil de longo alcance (2.500 km), anunciado em 2011. 

Em matéria de satélites, a Turquia tem desenvolvido alguns projetos para observação terrestre, como o TUBITAK-UZAY, colocado em órbita em agosto de 2011, e o Gokturk-2, lançado ao espaço em dezembro. Ambos os projetos contaram com a participação industrial da Turkish Aerospace Industries (TAI), principal indústria aeroespacial e de defesa da Turquia, e que foi visita por Amorim em sua visita na semana passada. O governo turco também contratou há alguns anos o Gokturk-1, satélite de observação por meio de sensores óticos, com resolução submétrica, em fabricação pela Telespazio e Thales Alenia Space. No início do ano, o governo também iniciou tratativas com a TAI para o desenvolvimento e construção do Gokturk-3, de imageamento por radar. Os planos de Ancara envolvem a colocação em órbita de um total de 16 satélites até 2020, com um montante estimado de investimentos de 2 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.
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