terça-feira, 21 de janeiro de 2014

NanosatC-Br1: lançamento no 1º semestre de 2014

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NOTA: postagem atualizada às 13h45 para correções e acréscimos no conteúdo, identificados abaixo, com base em informações enviadas por Otávio Durão, do INPE.

Nanossatélite nacional será lançado no primeiro semestre

Brasília 21 de Janeiro de 2014 – O segundo nanossatélite brasileiro e primeiro cubesat nacional, o NanosatC-Br1, será levado ao espaço em maio próximo pelo lançador russo DNPER. A informação é dos pesquisadores Otávio Durão, gerente do Projeto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e Nélson Schuch, gerente do Projeto no Centro Regional Sul (CRS/Inpe), em Santa Maria (RS), e coordenador do Programa NanosatC-BR.

Ainda de acordo com eles, o lançamento pode ser antecipado para abril, pois a Agência Espacial Brasileira (AEB) já liberou os recursos necessários para a finalização, lançamento e operação do NanosatC-Br1. Além disso, em fevereiro serão realizados os últimos testes com o modelo de voo, que é o satélite sem os painéis solares e antenas. [nota do blog: o modelo de voo é o cubesat completo com painéis, antenas etc. O modelo de engenharia é que não contem estes elementos.]

O primeiro nanossatélite nacional foi o Unosat-1, das universidades Norte do Paraná (Unopar) e Estadual de Londrina (UEL), que foi destruído no acidente com o VLS-1 no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, em 2003.

Durão informa que as três cargas úteis do nanossatélite já foram instaladas e testadas após a integração à plataforma, assim como cada subsistema, todos com funcionamento nominal. [nota do blog: o NanosatC-Br1 terá três cargas úteis: o magnetômetro para utilização dos seus dados pela comunidade científica; o circuito projetado na UFSM, pela Santa Maria Design House (SMDH) e o FPGA para o qual a UFRGS, através do seu Instituto de Informática, desenvolveu um software que poderá fazê-lo resistir à radiação e, portanto, torná-lo passível de uso no espaço em projetos maiores (o hardware FPGA que voará é de prateleira, ou seja industrial).] Em sua opinião, o destaque dessa missão é o teste em ambiente espacial de um circuito integrado projetado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul (RS), e produzido por uma indústria brasileira. [nota do blog: o circuito projetado (design) pela UFSM foi produzido na Alemanha e não por uma indústria brasileira, como mencionado na matéria. Não há ainda no Brasil uma fábrica capaz de produzir este circuito.]

Para Schuch, o realce da missão está na capacitação de recursos humanos para a área espacial. “Desenvolver o programa de nanossatélites é iniciar a formação de uma massa crítica de especialistas, que será fundamental para a consolidação do programa espacial do país”, ressalta ele. O físico diz que dois estudantes que participaram do início do projeto “hoje já estão integrados ao Inpe, desenvolvendo pesquisa no Laboratório de Integração e Testes (LIT) para conclusão de mestrado e doutorado”.

Qualificação – A Estação Terrena de Santa Maria, que monitorará o cubesat em órbita, e a que fica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), já estão em operação, inclusive, recebendo dados de vários cubesats lançados por outros países. As informações coletadas, diz Durão, são enviadas para os proprietários dos artefatos, “mas são disponibilizadas entre as diversas instituições, pois o entendimento é o de que quanto mais cooperação entre todos, mais rápido será o desenvolvimento dessa etapa da era espacial”.

A operação simultânea e a coordenação destas duas Estações Terrenas de Rastreio e Controle de Nanossatélites do Programa Nanosatc-BR qualificam o Brasil ao rastreio e controle de nanossatélites – CubeSats, que operam nas bandas de frequências determinadas pela International Amateur Radio Union (Iaru), o que é significativo e complementa o Programa Espacial Brasileiro. A equipe do Inpe tem em fase final o software de missão da Estação de Solo por meio de uma empresa nacional.

Durão e Schuch também informam que o segundo Cubesat do programa, o NanosatC-BR-2, está em plena produção e a expectativa é de que seja lançado em 2015. Para Durão, a tendência é de que o incremento do segmento de nanossatélite continuará em aceleração, “pois sua produção e desenvolvimento são rápidos, porque muitos dos componentes são ofertados por diversas empresas de vários países, facilitando a aquisição”. São os chamados componentes de prateleira. Outra vantagem dessa situação é que o custo para a produção de nanossatélites é baixo em relação aos satélites de grande porte e podem desempenhar várias das aplicações destes.

Além da exigência de menos recursos, a difusão de informações entre as instituições de pesquisa e ensino permite que cada vez mais países tenham seus cubsats. Na América Latina, têm esses equipamentos a Argentina, o Equador, o Peru e a Colômbia, cujo nanossatélite é o mais antigo do continente em operação.

Parceria – O NanosatC-Br1 é um pequeno satélite científico (pouco mais de um quilo) e o primeiro cubesat desenvolvido no país, produzido em parceria do CRS, do Inpe e da UFSM. Também esteve envolvida na sua preparação a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e as empresas Emsisti, Innovative Solution in Space (ISS), empresa holandesa fornecedora da plataforma do cubesat, e a brasileira Lunus Aeroespacial.

O NanosatC-Br1 comportará dois instrumentos científicos, sendo um magnetômetro e  um detector de partículas de precipitação, para o monitoramento em tempo real do geoespaço, visando com isso o estudo da precipitação de partículas e de distúrbios na magnetosfera sobre o território nacional para a determinação de seus efeitos em regiões como a da Anomalia Magnética no Atlântico Sul (Sama, sigla em inglês) e do setor brasileiro do eletrojato equatorial.

A Sama é uma “falha” do campo magnético terrestre nesta região, que fica sobre o Brasil, explica Durão. Como consequência desta anomalia, há um maior risco da presença de partículas de alta energia na região, que podem afetar as comunicações, redes de distribuição de energia, os sinais de satélites de posicionamento global (como o GPS), ou mesmo causar falhas de equipamentos eletrônicos como computadores de bordo. O Inpe estuda e monitora o fenômeno há vários anos por meio do Centro de Informação e Previsão do Clima Espacial.

Em dezembro último a AEB promoveu em Brasília (DF), o 1º Workshop do Programa Sistema Espacial para Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites (Serpens). O objetivo foi qualificar engenheiros da instituição, estudantes, docentes e pesquisadores brasileiros vinculados aos cursos de Engenharia Aeroespacial.

Participaram do evento especialistas de instituições de ensino superior internacionais com destaque na área de criação de nanossatélite como a Universidade de Vigo (Espanha), California Polytechnic State University (EUA), Università di Roma Sapienza (Itália) e Morehead State University (EUA).

Fonte: AEB, com informações do INPE e CRS.
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