domingo, 4 de setembro de 2016

Semana difícil para a indústria de lançadores

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A última semana foi difícil para a indústria de lançadores, mais uma vez evidenciando os altos riscos associados à tecnologia espacial.

Em 1º de setembro, um lançador Falcon 9, da empresa norte-americana SpaceX, explodiu na plataforma de lançamento no centro espacial de Cabo Canaveral na Flórida, Estados Unidos, enquanto era abastecido com oxigênio líquido e querosene em fase preparatória para um teste estático de ignição. A explosão, que ganhou destaque na imprensa (clique aqui para vê-la), destruiu não apenas o foguete e a plataforma, mas também sua carga útil, o satélite de comunicações israelense Amos-6.

Obviamente, o acidente traz consequências, e não apenas para a empresa de Elon Musk. Já sob forte pressão de seus clientes, em sua grande maioria companhias de comunicações, que aguardam a colocação de seus satélites em órbita e o início da operação para geração de receitas, a SpaceX terá que atrasar todas as missões (nove ao todo) previstas para 2016 até que os motivos da explosão sejam identificados e corrigidos. Com o lançador russo Proton, operado pela International Launch Services (ILS) também groundeado devido a um mau-funcionamento em junho, o único lançador comercial plenamente operacional é o europeu Ariane 5, da Arianespace, completamente reservado até 2017 (incluindo o brasileiro SGDC, previsto para lançamento no início de 2017).

Em 24 de agosto, a israelense Spacecom, dona do satélite destruído, havia anunciado a sua venda para o grupo chinês Beijing Xinwei Technology Group, pendente da entrada em serviço do Amos-6 após o seu lançamento. Com sua destruição, a operação de venda da empresa pode vir a ser cancelada. Ainda, há também dúvidas sobre a cobertura da apólice de seguros contratada pela Spacecom, que valeria apenas a partir da ignição do foguete na data do lançamento, e não para testes pré-lançamento.

Em reportagem da Space News, o jornalista Jeff Foust fez um paralelo da falha do Falcon 9 na fase pré-lançamento com a tragédia do VLS-1 V03. Em 22 de agosto de 2003, alguns dias antes de seu lançamento, a ignição intempestiva de um dos propulsores sólidos do foguete brasileiro causou um incêndio na plataforma, vitimando 21 técnicos e engenheiros do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE/DCTA).

Falha chinesa

Um dia após o problema com o Falcon 9, ocorreu uma aparente falha do lançador chinês Longa Marcha 4C, voando a partir do centro espacial de Taiyuan, no norte da China, levando a bordo um satélite de observação de alta resolução, o Gaofen-10. Segundo informações da Força Aérea dos Estados Unidos, que monitoram as inserções de artefatos no espaço, o Gaofen-10 não alcançou a órbita prevista, indicando a falha na missão.

Curiosamente, o ocorrido também leva a uma referência a evento que envolveu o Brasil. O último insucesso de um foguete chinês, no caso um Longa Marcha 4B, se deu em dezembro de 2013, levando a bordo o satélite CBERS 3, projeto conjunto entre a China e o Brasil.
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